Por que não é possível identificar seu subtom (frio/quente) pelas veias ou olheiras
- Michele Trancoso
- 7 de out.
- 4 min de leitura
Embora muito difundida, a ideia de que é possível descobrir o subtom da pele observando as cores das veias ou das olheiras é um dos mitos mais comuns na consultoria de imagem e maquiagem. A análise de coloração pessoal trabalha com cor-luz, não com cor-pigmento — e é essa diferença que muda tudo.
O que é subtom e como ele se revela
O subtom da pele é a base de temperatura que influencia como as cores refletem sobre ela — podendo ser frio (com influência azulada) ou quente (com influência amarelada).Ele não é algo que vemos diretamente, mas algo que percebemos através da interação entre luz e pele.

ADENDO IMPORTANTE!
A temperatura é um dos três elementos que buscados, e por sua vez base de classificação, para se saber a paleta de coloração pessoal. Os dois outros são profundidade e saturação. Para saber mais, clique aqui
Quando realizamos a análise de coloração pessoal, usamos tecidos específicos sob luz neutra e controlada para observar como a pele reage: se ganha viço, equilíbrio e harmonia (indicando correspondência), ou se parece cansada, amarelada ou acinzentada (indicando contraste indesejado).
👉 Esse processo observa reflexo de luz, e não cor depositada, o que o diferencia completamente de métodos empíricos como “teste da veia”.
Cor-luz x Cor-pigmento: o motivo técnico por trás do erro
A teoria da cor distingue dois sistemas:
Cor-luz (modelo aditivo / RGB) – é o que ocorre quando a luz incide e reflete nas superfícies. Ao combinar luzes coloridas, formamos tons mais claros (a soma total é branca).
Cor-pigmento (modelo subtrativo / CMY ou RYB) – é o que ocorre em tintas, sombras, sangue ou veias. Misturar pigmentos tende a escurecer e neutralizar a cor.
🔹 Quando olhamos para veias ou olheiras, estamos vendo pigmentos sob camadas de pele — ou seja, a cor absorvida e refletida em condições biológicas e de iluminação que não representam a luz real sobre a pele.🔹 O mesmo vale para a maquiagem baseada em “subtom da olheira”: ao tentar corrigir algo observando pigmento (como roxo, verde ou azul), sem considerar a luz e o conjunto facial, o resultado tende a destoar ou “pesar” o rosto.
📘 Como explica a Science of Colour, a percepção de cor muda conforme a fonte luminosa e o meio sobre o qual ela incide — pigmentos absorvem parte da luz, enquanto superfícies vivas (como a pele) refletem de forma variável conforme a temperatura e intensidade luminosa (Science of Colour, Google Sites).
Por que “veia verde” ou “olheira azulada” não definem o subtom
Veias e olheiras são estruturas pigmentadas em profundidades diferentes da pele. A cor que vemos nelas depende de fatores biológicos e ópticos, como:
Espessura e transparência da pele,
Quantidade de melanina,
Oxigenação do sangue,
Tipo e intensidade da luz ambiente,
Pressão sanguinia.
Ou seja: não existe uma relação direta entre a cor das veias e o subtom real da pele.Um mesmo subtom pode exibir veias azuladas sob uma luz fria e esverdeadas sob uma luz quente.
A pesquisadora Laura D. Smith (2021), em seu estudo sobre percepção de cor na epiderme, explica que a luz refletida pela pele sofre distorções ópticas que alteram a percepção de tonalidade conforme o ambiente — o que torna qualquer avaliação sem controle de luz inconfiável (Smith, Color Science Review, 2021).
O papel da luz na análise de coloração pessoal
Durante a análise de coloração pessoal, o ambiente é preparado com luz neutra (geralmente entre 5500K e 6500K) para que a observação seja técnica e consistente. Os tecidos usados nos testes — chamados drapes — refletem cores de forma precisa, permitindo comparar diretamente como a luz incide e reage sobre a pele.
Essa metodologia se baseia em princípios da colorimetria aplicada e na teoria de Johannes Itten, que estudou as harmonias cromáticas e suas relações com temperatura, saturação e contraste (profundidade) (Itten, The Art of Color).
O erro mais comum: maquiagem baseada no “teste da veia”
É comum ver tutoriais sugerindo tons de base, corretivo ou blush de acordo com a cor das veias ou olheiras. Mas quando o subtom é interpretado a partir de pigmentos, a maquiagem tende a não se integrar à pele — o resultado pode ser acinzentado, artificial ou contrastante demais.
Por exemplo:
Uma pessoa de subtom quente pode parecer pálida ou “sem vida” ao usar base de subtom frio.
Já uma pessoa de subtom frio pode parecer alaranjada ou amarelada com produtos de subtom quente.
Erros extrememente comuns, infelizmente.
O que realmente faz diferença é observar como a luz reage na pele com cada cor aplicada, não a cor aparente de uma veia.
Conclusão
O subtom não se revela em veias nem olheiras, mas na relação da pele com a luz. Identificar suas cores ideais exige observação técnica, ambiente controlado e sensibilidade para perceber as nuances do reflexo luminoso na pele.
➡️ Por isso, a análise de coloração pessoal é sempre feita com luz neutra, tecidos específicos e avaliação profissional — e não por dedução de pigmentos. É esse cuidado que transforma o processo em uma descoberta real sobre como a luz revela sua beleza de forma natural e harmônica.
📚 Referências
The Art of Color — Johannes Itten
Science of Colour (Google Sites) – How Colors Mix: Light vs Pigment
Smith, L. D. (2021). Color Perception in Human Skin under Variable Lighting. Color Science Review.
Color Analysis. Wikipedia


Comentários